Criador do Migre.me confessa seus 10 erros; quer dizer, 11
Em um evento diferente, onde empresários confessavam seus problemas durante sua carreira, ao invés de apenas se vangloriar dos acertos, Jonny Ken Itaya, criador do encurtador de URLs Migre.me falou de seu top 10 erros – curiosamente, ele cometeu uma falha durante o encontro, já que, na verdade, eram 11, pois Jonny esqueceu de contabilizar uma das mancadas.
O criador do Migre.me participou da Failcon em Porto Alegre neste sábado. O site surgiu em 2009 durante uma Campus Party – um dos maiores encontros sobre internet do planeta – em São Paulo. O serviço serve para diminuir grandes links para que o usuário de redes sociais (principalmente do Twitter) tenha mais espaço para escrever.
Em pouco tempo, com divulgação apenas em redes sociais, o Migre.me “explodiu” ao ser usado por celebridades – durante a campanha pela Presidência da República, em 2010, o três principais Candidatos (Dilma Rousseff, Marina Silva e José Serra) e até o então presidente Lula usavam o serviço.
Mas essa é a parte conhecida do empreendimento. Agora, Jonny Ken falou sobre os problemas e os caminhos errados que tomou durante esse tempo. Ele destacou 10 e os transformou em dicas. Quer dizer, 11. Veja a seguir todos:
Fail 10
Jonny Ken sugere para quem estiver começando uma pequena empresa com uma nova ideia (uma “startup”) que se pergunte se realmente precisa ter um sócio. “(Eu pensava) ‘não sei vender, eu não sou um bom vendedor. Eu preciso de sócios’. E esse foi o meu primeiro erro (…) eu fui ter sócios por ter medo de fazer alguma coisa. Se eu não sei vender, eu não vou chamar um sócio que saiba vender (…) eu vou contratar alguém que saiba vender”. Além disso, Jonny fala que muitas vezes as ideias podem se chocar, o que é ruim para o empreendimento.
Fail 9
“Eu preciso mesmo de investidor?”, sugere o criador do Migre.me esta pergunta. Ele afirma que com o dinheiro, vem a pressão, o que atrapalha – e foi o que aconteceu com o Migre.me. “Para o que a gente faz aqui, a gente não precisaria de investidor”.
Fail 8
Fazer negócios “na amizade”. Jonny diz que os amigos devem ser tratados como qualquer outro profissional, com contratos e acertos sérios. Ele diz que um amigo chegou a cobrar de uma vez só a hospedagem do site que havia mantido “na amizade” por meses.
Fail 7
“O papel aceita tudo”. O empresário diz que errou ao acreditar nas “capacidades” prometidas por outras pessoas – que nunca saíram do papel.
Fail 6
Baixar preço do serviço para conseguir cliente. Ele afirma que já saiu no prejuízo para tentar fidelizar muitos clientes – mas estes nunca mais apareceram, alguns até deram calote. “No começo, faça o trabalho como se você tivesse 10 anos de mercado.”
Fail 5
Evite gastos desnecessários. “Lembro da primeira reunião (Jonny começou outra empresa junto com o Migre.me e é dela que ele fala), vamos lá, vamos fazer nossa planilha de custos: R$ 600 mil”. O grupo então tentou cortar custos: “Computador? Não precisa, corta. Essa mesa não precisamos comprar, corta (…) mas, imagina se tiver o problema tal? Coloca no orçamento. Daí (por causa deste e de outros gastos desnecessários) nosso orçamento de R$ 600 mil ‘baixou’ para R$ 700 mil.”
Fail 4
Vilões existem na vida real. Jonny diz que já teve vários casos de “vilões”, até pessoas de dentro da startup, entre outros casos. “É importante você conhecer as pessoas”.
Fail 3
Não tenha um advogado para a empresa, tenha um para você. Jonny diz que essa é uma das principais dicas. “O advogado da empresa defende a empresa, ele não está defendendo os seus interesses”. “Tem muita coisa que se tivesse passado pelo meu advogado, eu não teria assinado”. Ele afirma que é sempre bom que os contratos passem pela avaliação de alguém de confiança, que defenda você. “É a principal dica que eu dou a respeito do Migre.me.”
Fail 2
Confiar cegamente nas pessoas e empresas ao seu redor. Ele diz que, por acreditar nas promessas de um servidor no qual ficava o site, o Migre.me acabou fora do ar por horas. (Curiosamente, um vídeo feito nesse período, em que Jonny falava sinceramente sobre o problema ajudou a tornar o empresário conhecido).
Fail 1
Você realmente quer ser empreendedor? “Meu sonho era ser professor”, diz Jonny, que é formado e deu aulas de biologia em escolas. Hoje, ele diz que o lado empreendedor é mais por diversão. Ele trabalha em uma empresa como desenvolvedor e gosta de dar suas ideias como funcionário – deixa o dono se preocupar em empreender -, mas ainda é responsável pelo Migre.me.
Fail… 0?
Essa Jonny considera – ao lado daquela do advogado – a mais importante dica: confie nas pessoas que realmente gostam e se preocupam com você. Elas podem não entender do negócio em que você está trabalhando, mas “tudo que falaram realmente aconteceu”. Essas pessoas vão ter a coragem de falar que você está errado, diz Jonny.
Mas e o Migre.me foi um grande negócio? Ele realmente deu muito dinheiro? Jonny é um tipo de profissional de tecnologia que ganha mais com a fama que o negócio lhe proporcionou do que com o próprio empreendimento. A exposição por ter criado o Migre.me (além de momentos como o do vídeo e participações em podcasts de sucesso, como o Nerdcast) permite que ele ganhe, por exemplo, para escrever em sites de tecnologia, fazer trabalhos para grandes empresas e para dar palestras em eventos sobre seus grandes acertos (e, de vez em quando, sobre os erros).