DoNoPay: a startup que ajuda seu bolso a se livrar de problemas cotidianos

DoNotPay (ou “Não Pague” em tradução literal). Esse é o nome de uma startup que promete ajudar a muita gente que sofre para resolver pequenos problemas do dia a dia. Isso porque a empresa usa inteligência artificial e chatbots que funcionam como uma espécie de “advogado-robô” e substituem o usuário na hora de, por exemplo, contestar multas de trânsito e cancelar a assinatura de serviços como academia, Hulu e Xbox Live, compensações em companhias aéreas, bloquear mensagens automáticas de operadoras e até mesmo processar empresas em tribunais de pequenas causas (veja a relação completa aqui)

Funcionando, inicialmente, apenas nos EUA (e disponível para iOS), a empresa registrou um aumento de uso da sua plataforma durante a pandemia da COVID-19. Isso porque os norte-americanos precisavam cancelar suas assinaturas nas academias do país – que permaneceram fechadas durante a crise – e, em vez de sofrer por horas no telefone para abandonar o serviço, eles optaram pelo DoNotPay, cujo uso se resume a alguns cliques em seu aplicativo.

E o crescimento da startup chamou a atenção dos investidores. Na última terça-feira (24), a empresa, que já existe há cinco anos, anunciou que levantou US$ 12 milhões em financiamento da Série A. Com isso, seu valor de mercado passou a ser de mais de US$ 80 milhões, elevando seu financiamento total para pouco menos de US$ 17 milhões .

“Estávamos tão ocupados com o caos que não conseguimos sequer pensar em captação de recursos”, disse Joshua Browder, fundador e CEO da DoNotPay, ao site Business Insider. Mas a demanda por pequenas resoluções legais fez com que a equipe de 8 pessoas de Browder precisasse crescer rapidamente. Ele percebeu que, para tirar proveito de uma oportunidade única e do tamanho de uma pandemia, ele precisava ganhar mais dinheiro rapidamente.

Com isso, ele se encontrou com seus investidores em potencial em reuniões por videochamada remotamente e, finalmente, assinou o contrato para fechar a nova rodada de investimentos. Ela envolveu investidores de risco como Andreessen Horowitz, o Founders Fund e o Day One Ventures. Mas, claro, esse processo todo não encontrou facilidades. “Em um dos principais pitchs (apresentação de viabilidade da startup junto aos investidores), nossa conexão a internet ficou instável e a [videochamada] no Zoom caiu bem no meio da apresentação. Foi estressante”, afirmou Browder.

Agora, com o financiamento em mãos, Browder pode respirar um pouco e ampliar a sua equipe. Ele disse que espera aumentar o tamanho do staff para mais de 30 pessoas, porque a alta demanda pelos serviços da DoNotPay não diminuirá tão cedo.

Prevendo o futuro

O uso da ferramenta gera algumas situações inusitadas para a startup. “Às vezes podemos ver o futuro”, disse Browder. “Nos últimos dias, um engenheiro ligou dizendo que estávamos tendo mais cancelamentos para uma academia chamada 24 Hour Fitness. E então vimos, com certeza, que eles iriam à falência alguns dias depois”.

O executivo prevê também que o escopo da DoNotPay só aumentará, porque o sistema legal foi forçado a adiar suas práticas “10 anos adiante” no período de três meses, enquanto os tribunais e escritórios jurídicos do condado também fecham durante pedidos de abrigo no local. Além disso, algumas das regras mais arcaicas do sistema judicial, como aparecer pessoalmente para contestar uma multa de estacionamento, foram eliminadas e são gerenciadas online. Agora, o chatbot automatizado do DoNotPay pode começar a funcionar porque, como Browder explicou, “você não pode ter um robô na sala de audiências”.

Crescimento na extensão da crise

A crise econômica que, muito provavelmente, virá após o fim da pandemia também pode beneficiar a DoNotPay. Isso porque, para além de encerrar assinaturas de serviços e conseguir reembolsos de companhias aéreas, a starup também adicionou ferramentas para freelancers e locatários que precisam de extensões de pagamento, serviços que só aumentarão quando as paralisações se arrastarem pelo país.

“Em tempos loucos como esses, as pessoas não querem pagar por nada”, disse Browder. “Mas você tem contratados que, talvez, já fizeram o trabalho e as pessoas não querem pagá-los. Muitas vezes, há motivos sólidos para isso, mas há pessoas que vem isso como uma desculpa para não pagar”.

Eventualmente, Browder disse que espera estender completamente os serviços do DoNotPay para além dos pagamentos . Uma ferramenta em que sua equipe tem trabalhado recentemente ajudaria a apagar registros de prisões e condenações menores da ficha das pessoas. Quando a sua equipe começou a trabalhar nessa solução, ele imaginou ajudar pessoas com acusações leves, relacionadas, por exemplo, à posse de maconha em jurisdições que legalizavam ou descriminalizavam o porte. Mas agora ele vê uma necessidade ainda maior, dadas as prisões em andamento dos protestos raciais do movimento Black Lives Matter em todo o país.

“Se você for preso e não for acusado, será possível apagar a autuação do seu registro, porque um promotor não vai demorar para persegui-lo e é isso que está acontecendo com os manifestantes no momento”, disse Browder.

Fonte: Business Insider